domingo, 7 de março de 2010
A biografia de um revolucionário
Martiniano Cavalcante nasceu em Ivolândia, Goiás. É Engenheiro Civil e tem 51 anos. Começou sua militância política no movimento secundarista, em 1975, contra a ditadura no Brasil. Em 1976, já na Universidade de Brasília, onde seria dirigente do DCE e do CA do seu curso, ingressa no PCB.
Com a abertura política proporcionada com a Lei da Anistia de 1979, lideranças políticas voltam do exílio e o PCB vê suas diferenças internas potencializadas. Martiniano rejeita as teses da revolução por etapas e alianças com a burguesia nacional defendidas pela maioria do Comitê Central do PCB. Nesta crítica alinha-se com Luis Carlos Prestes na defesa de uma mesma estratégia para o Brasil. Neste momento, uma outra tese coexistia no interior do PCB, a dos eurocomunistas, dentre os quais se destacava Carlos Nelson Coutinho.
A ruptura com o PCB foi inevitável. Prestes divergia da maioria do PCB, no entanto discordava da idéia de construir outra organização partidária. Saiu do PCB, mas não seguiu Martiniano e seu grupo, que não abriam mão da construção de um novo partido de esquerda e socialista no Brasil. Foi assim que surgiu o CGB. Martiniano e outros dirigentes e militantes fundam o Coletivo Gregório Bezerra. Em 1989, o CGB é convertido em PLP – Partido da Libertação Proletária, e em 1991, para atender às exigências de legalização da legenda, passa a ser denominado PFS, Partido da Frente Socialista, que em 1992 iniciaria com a Convergência Socialista, grupo recém-expulso do PT, a fundação do PSTU, consolidada em 1994. Em 2000, por divergências profundas acumuladas no PSTU, rompe com este partido e participa em 2003 das primeiras conversas para a fundação do PSOL, sendo seu fundador, primeiro Secretário Geral e indiscutivelmente um de seus principais dirigentes.
Na luta partidária e institucional, nos movimentos sociais, na luta pelas bandeiras democráticas, Martiniano tem na ousadia uma marca central. Liderou em Goiânia, ao lado de Jorge Kajuru, uma verdadeira revolução nas comunicações da região, através da Rádio K. Os programas e comentários na rádio mobilizaram a cidade e esta foi fechada pelo governo de plantão, Marconi Perillo, num processo que envolveu duros enfrentamentos com as forças policiais e lhe rendeu um duro processo de criminalização.
Em 1996 construiu em Goiânia uma frente eleitoral de esquerda entre PSTU, PSB e PV para disputar a prefeitura então governada pelo PT. Em 2000, liderou a campanha que elegeria o único vereador do PSTU em uma capital. Elias Vaz foi o vereador mais votado da história de Goiânia e continua hoje na Câmara, em seu terceiro mandato.
Dentre as muitas eleições que participou, destaque para o senado em 2002 pelo estado de Goiás, quando obteve 300 mil votos.
Martiniano Cavalcante também tem história no movimento sindical brasileiro. Foi fundador da CUT em 1983 e compôs sua Executiva Nacional. Foi o primeiro membro da Executiva Nacional da CUT que não era filiado ao PT. Neste período liderou a luta contra o Pacto Social defendido por Menegueli e Gilmar Carneiro, os dois principais dirigentes da maioria da CUT. Em 1991, Martiniano foi o principal organizador da derrota da Articulação Sindical no Congresso da CUT realizado naquele ano. A chapa organizada por ele, encabeçada por Durval Carvalho, candidato a presidente da CUT, obteve a maioria necessária para assumir a direção da CUT. A vitória não se consolidou por que a Articulação, grupo da então maioria, rachou o congresso e não reconheceu a derrota, exigindo inclusive a intermediação de Lula, hoje presidente da República, para disciplinar os petistas que estavam divididos.
Foi por esta razão que Martiniano abandonou a intervenção direta no movimento sindical e passou a dedicar-se majoritariamente à luta partidária e a construir uma nova concepção de movimento sindical, que se articule organicamente com o movimento popular, e que se expressa hoje no movimento social fundado por ele em 2002, o MTL – Movimento Terra Trabalho e Liberdade.
É com esta bagagem imensa que Martiniano Cavalcante hoje aceitou o desafio de ser o candidato do PSOL à presidência da República. O desafio de quem vai ter que zelar pelo espaço político conquistado por Heloisa Helena. O desafio de ajudar nossos atuais parlamentares em suas reeleições e na ampliação de nossas bancadas nos estados e no Congresso Nacional. O desafio de construir um partido socialista, democrático e ligado ao povo.
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