quinta-feira, 28 de abril de 2011

Para dirigente político da Tunísia, sindicatos e juventude foram os protagonistas da revolução


Porto Alegre recebeu, durante a quinta-feira (14), a visita de uma pessoa que ajudou a mudar o panorama político da Tunísia e abrir caminho para uma série de revoltas que está redefinindo o mundo árabe. Amami Nizar, dirigente sindical da Federação de Correios e Telégrafos da Tunísia e integrante da Liga de Esquerda Operária, participou de palestra na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, promovida pela Fundação Lauro Campos com apoio da Secretaria de Relações Internacionais do PSol. Durante sua fala, o dirigente descreveu o processo que conduziu à Revolução de Jasmim, além de explicar o atual momento do país, que aguarda as eleições para uma nova Assembleia Constituinte, marcadas para 24 de julho.

Amami Nizar atua politicamente desde os anos 70, quando era estudante secundarista. Ajudou a fundar a Liga Comunista Revolucionária, no início dos anos 80, entidade filiada à Quarta Internacional. Passou a atuar no meio sindical a partir de 1990, quando ingressou nos correios e acabou tornando-se secretário-geral do sindicato da categoria. Nessa época, lutou contra a privatização dos correios na Tunísia e contra a precarização das condições de trabalho de vários setores. Como dirigente da Liga da Esquerda Operária, Amami Nizar participou diretamente das mobilizações que resultaram na queda de Zine al-Abidine Ben Ali, e atualmente participa da mobilização política que busca garantir uma mudança efetiva nos rumos da política tunisiana.

Antes da palestra, Amami Nizar concedeu uma entrevista coletiva para blogueiros e representantes de veículos alternativos de mídia. Durante cerca de uma hora, falou do clima tenso que imperava na Tunísia antes da revolução, e criticou o governo de transição, que descreveu como uma representação da burguesia do país árabe. Falou também da importância das redes sociais em estimular a revolta popular, além de criticar a postura dos países ocidentais, que teriam apoiado durante anos as ditaduras que oprimem vários países da região. A seguir, os principais trechos da coletiva.
A ditadura de Zine al-Abidine Ben Ali

“Como qualquer ditadura, a da Tunísia foi regida por um processo imperialista, economicamente submissa ao FMI. Essa crise na Tunísia foi, no fundo, a falência desse sistema baseado no Fundo Monetário Internacional. A taxa de desemprego era muito grande, cerca de 130 mil pessoas que saíram das universidades sem perspectivas de emprego. A desigualdade de desenvolvimento entre as diferentes regiões da Tunísia também contribuiu na decadência do regime. A gente observava, na realidade política da Tunísia, um espaço muito restrito para as pessoas se manifestarem, além de um controle total dos mecanismos de poder. Os donos do poder eram corruptos, e havia muita repressão. Mesmo os partidos organizados de oposição não podiam usufruir de liberdades constitucionais, não tinham liberdade de reunião, por exemplo. A polícia não deixava as pessoas se reunirem, a repressão era forte, e isso criou uma tensão tão grande que a vida política tornou-se quase inexiste”.

As mobilizações contra o regime

“Mesmo nesse contexto, algumas revoltas e manifestações aconteciam, especialmente da parte dos estudantes, pedindo bolsas de estudo, e das centrais sindicais. Essas organizações impulsionaram os protestos de muitos setores, como os correios, professores, médicos e bancários. Trabalhadores do setor têxtil e operários também fizeram protestos, já que sofriam muitas arbitrariedades. Temos também um grupo feminista, chamado Associação de Mulheres Pela Democracia, que faz esforços para lutar, mas sempre sofreu muita repressão. Então, durante os 30 anos de governo de Ben Ali – na verdade mais de 30, porque ele representava um regime que comanda o país desde a independência – tivemos muitas mortes e repressão muito violenta dos opositores. Então, as revoltas surgiram de forma espontânea, mas há também um acúmulo de anos, promovidos pelos partidos e pelas organizações de esquerda. Talvez não haja uma cabeça por trás da revolução, mas as organizações sindicais e a juventude certamente foram os grandes protagonistas”.

O processo de transição para a democracia

“Após duas quedas de presidente, agora temos a volta de um velho presidente, que é representação da burguesia tunisiana. Além disso, temos diversos ministros que são independentes, mas estão inseridos na burocracia do Estado. Em relação às perspectivas para as eleições, foi votada há poucos dias uma lei especial na assembleia constitucional, votada e aprovada por quase todos os partidos que lutaram contra Ben Ali. Essa lei tem três aspectos principais. Primeiro, paridade de homens e mulheres nas listas de votação. Em segundo lugar, a proibição, durante 23 anos, de Ben Ali e qualquer outro que esteve no governo concorrer a cargos eletivos. Por fim, uma eleição por lista, mas com uma proporcionalidade que favoreça a consolidação e o crescimento dos partidos políticos na Tunísia. Outro ponto positivo é que teremos um poder independente para fiscalizar as eleições, com a presença de representantes internacionais”.

A atuação das potências ocidentais nos conflitos árabes

“Falando de forma concreta e especificamente de países como a França, há uma espécie de jogo dúbio, uma via de mão dupla. Na verdade, eles adotam um discurso de democracia, mas a França só foi apoiar de fato a revolta depois do dia 14 de janeiro, depois que já tínhamos derrubado Ben Ali do governo. A então ministra de Relações Internacionais da França chegou a prestar solidariedade a Ben Ali, e depois foi obrigada a se demitir por causa disso. Quanto à intervenção da Otan no governo de (Muammar) Kadafi, a Liga da Esquerda Operária tem como postura apoiar iniciativas independentes. Claro que Kadafi precisa sair o mais rápido possível, não há nenhuma dúvida disso. Mas acreditamos que essa intervenção da Otan é uma tentativa de alguns países ocidentais de achar um ponto de fixação dentro da Líbia, para a partir daí encontrar formas de acessar recursos do país. A Otan sempre defendeu regimes ditatoriais no mundo árabe. Os EUA, por exemplo, mandou soldados para o Bahrein, para conter a revolta popular no país”.

Uma onda de mudanças no mundo árabe?

“É uma região comum, e certamente existem pontos que unem esses países. A questão palestina, por exemplo. Há também um inimigo comum, que é o sionismo, o que acaba sendo claramente um ponto de unidade dos países árabes. Mas existem muitas diferenças políticas, com relação às organizações, ao grau de consolidação dos partidos políticos e outros pontos semelhantes. No caso da Tunísia, temos três elementos que podem ser citados como diferenciais políticos. Primeiro, tivemos uma constituinte em 1860, que foi a primeira constituinte (do mundo árabe) e teve um caráter bastante reformista. Segundo, temos um espaço sindical consolidado desde os anos 1920, e essas entidades tiveram papel importante na independência da Tunísia. E, em terceiro lugar, o fato de termos, desde 1959, um código de defesa das mulheres. São três particularidades que nos diferenciam dos nossos vizinhos”.

Um partido em busca do povo tunisiano

“A Liga da Esquerda Operária herda uma cultura da Liga Comunista Revolucionária. Queremos ser abertos à população. Queremos manter a tradição da Quarta Internacional, queremos manter os princípios trotskistas, mas também queremos ser um partido de massas, com um diálogo direto com a população, para que possamos estar ao lado delas na busca de uma situação melhor para o país”.

A importância da internet para a Revolução de Jasmim

“No caso da Tunísia, o principal impacto foi de redes sociais como o Facebook, que foram meios alternativos para disseminar informação. Certamente essas redes tiveram papel fundamental para que mais pessoas soubessem do massacre, das arbitrariedades do regime. Mesmo porque a mídia oficial sempre teve um caráter de desinformação, de tirar a atenção da população para o que estava acontecendo e até de inverter as coisas, colocando os revolucionários como inimigos da nação. Policiais colocavam fogo em escolas, em estabelecimentos públicos, e a mídia do governo dizia que eram os revolucionários que estavam fazendo isso, para jogar a população contra os que estavam fazendo a revolta. Hoje, a mídia continua sendo toda do Estado, e está de acordo com o governo: uma mídia liberal, burguesa, que não está realmente comprometida com o povo e com quem provocou a revolução em nosso país. Mas há um anseio da população para que se abra novos espaços, para que a mídia não fique apenas nas mãos do governo e possam surgir novos espaços além dos oficiais”.

fonte:http://internacionalpsol.wordpress.com

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Olho na defensiva com a reforma política


*Edilson Silva
O debate sobre a reforma política está na pauta do país. A insatisfação da população com a “política” é o seu fator propulsor, contudo, são exatamente aqueles que em sua maioria criam esta insatisfação que estão na proa deste processo de reforma. Logo, podemos estar diante não de uma possível reforma, mas de uma contra-reforma, ou seja, a emenda pode ficar pior do que o soneto.

Uma reforma política de verdade passaria necessariamente pelas preocupações constantes na Plataforma dos Movimentos Sociais (http://www.reformapolitica.org.br/biblioteca.html), que tenho acordo no fundamental, pois trata a democracia como um sistema, e não como uma colcha de retalhos de interesses corporativos. Nesta plataforma, trabalha-se a partir de um diagnóstico correto da patologia política que vivemos: déficit de representatividade e falta de participação popular, que trazem como subproduto este desvínculo do poder público com os interesses republicanos e democráticos. Os “homens públicos” que foram escalados para debater e apresentar sugestões – há as exceções, claro - sobre esta reforma são exemplos deste desvínculo: Paulo Maluf, Waldemar da Costa Neto e outros feitos a partir da mesma matéria-prima.

Entre a lógica sistêmica e coerente apresentada pela plataforma dos movimentos sociais e as intenções dos grupos dominantes na política brasileira existe um abismo considerável. Prova maior disso é a proposta que vem sendo chamada de “distritão”, que prevê o fim do voto proporcional em chapas e coligações, determinando que os candidatos mais votados sejam os diplomados, o que consolidaria os partidos como meros apêndices de caciques. Esta proposta tem até um certo apelo junto à população, que por motivos vários acabou fulanizando a política e pensa da seguinte forma: como pode um candidato mais votado “não entrar” e outro menos votado “entrar”?

A solução, no entanto, não passa por personalizar o voto, o que seria o aprofundamento dos graves problemas já existentes – como a transformação descarada de políticos em lobistas diretos de interesses privados -, mas passa sim por vincular o voto a um projeto político, a um ideário que esteja claro no momento do voto. Para tanto, enquanto não se pensa em outro mecanismo possível, o próximo passo possível parece ser a eleição em lista partidária pré-ordenada, com o voto somente no número da agremiação partidária. Este mecanismo, para ser coerente com sua essência, pressupõe financiamento exclusivamente público das campanhas eleitorais e dos partidos políticos.

Outra proposta que sempre aparece nos momentos de se discutir mudanças no sistema político e eleitoral, e agora não está sendo diferente, é a cláusula de barreira, que limitaria ou impediria os pequenos partidos, mesmo com representação no Congresso Nacional, de participarem plenamente da vida política do país: sem pleno funcionamento parlamentar, sem acesso aos programas de TV e rádio e possíveis de serem segregados nos debates e programas de TV e rádio nos processos eleitorais, sendo transformados em meros figurantes da política.

O pseudo-argumento para esta cláusula de barreira é evitar que partidos com pouca representação, do ponto de vista quantitativo, operem na política, pois seriam partidos de aluguel. Este pseudo-argumento omite, malandramente, o fato de que aluguel só se estabelece numa relação bilateral, ou seja, alguém paga pelo aluguel. Então, qual seria o remédio para a outra parte neste ilícito eleitoral?

Outra questão ainda mais importante neste debate sobre cláusula de barreira: em política não se mede relevância apenas por critérios quantitativos, mas qualitativos. O PSOL, por exemplo, possuía na legislatura passada apenas um deputado estadual no Rio de Janeiro, Marcelo Freixo, mas este foi protagonista na CPI das Milícias, sendo seu presidente, CPI que vem tendo repercussões profundas na sociedade fluminense. No senado, na presente legislatura, quando todos os outros partidos curvaram-se à candidatura única de José Sarney, coube ao PSOL, com apenas dois senadores, apresentar uma alternativa, com o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). Na Câmara dos Deputados, onde o PSOL possui apenas três deputados, o deputado Jean Willys (PSOL-RJ), só para ficar neste exemplo, vem enfrentando brava e brilhantemente os setores mais conservadores daquele poder. Há vários anos todos os parlamentares do PSOL na Câmara (nunca tivemos mais que três parlamentares) são eleitos pela imprensa especializada entre os dez melhores parlamentares daquela Casa. Ou seja, tamanho, em política, não é documento.

Por esta razão, a sociedade deve estar atenta sobre os debates e soluções saídas das comissões do Senado Federal e da Câmara dos Deputados. Distritão e cláusula de barreira são na verdade duas contra-reformas, dois atrasos na já insuficiente democracia brasileira. Precisamos buscar avançar, mas não podemos descuidar da defensiva.

*Executiva Nacional do PSOL e Presidente do PSOL-PE

fonte:http://www.edilsonpsol.blogspot.com/

domingo, 17 de abril de 2011

PSOL entra com ADIN contra Medida Provisória 520 em defesa dos hospitais universitários


O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) impetrou no Supremo Tribunal Federal (STF), uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) contra a Medida Provisória nº 520, de 31 de dezembro de 2010, que autoriza o Poder Executivo a criar a empresa pública denominada Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares S.A. (Ebserh) nos hospitais universitários do Brasil. Afrânio Boppré, presidente nacional do PSOL, afirma que a medida provisória assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu último dia de gestão, ao final de um mandato de oito anos, é danosa para a Universidade e para a sociedade em geral.

“A Medida Provisória nº 520 se reveste de inconstitucionalidade ao autorizar a criação de empresa pública para administrar os hospitais universitários, vez que afronta o princípio constitucional da autonomia universitária. A concepção tradicional define um hospital universitário (HU) como uma instituição que se caracteriza por ser um prolongamento de um estabelecimento de ensino em saúde, prover treinamento universitário na área de saúde; por ser reconhecido oficialmente como hospital de ensino, estando submetido à supervisão das autoridades competentes e propiciar atendimento médico de maior complexidade a uma parcela da população. Ora, transforma uma Instituição com essas características em empresa descaracteriza completamente suas funções que não é a de obter lucro ou cobrar por seus serviços”, avalia Afrânio Boppré.

O dirigente do PSOL argumenta que a Ebserh é uma empresa com personalidade jurídica de direito privado e patrimônio próprio, vinculada ao Ministério da Educação, com prazo de duração indeterminado Terá seu capital social representado por ações ordinárias nominativas, ou seja, “o objetivo de uma empresa é incompatível com o papel dos hospitais universitários. Não resta a menor dúvida que a primeira vítima desta Medida Provisória a da tal empresa será a autonomia universitária. Ela legaliza a crescente terceirização e exploração dos de trabalhadores nos hospitais do País. Deve, na opinião do PSOL, ser combatida por todos os setores da sociedade, em especial pela comunidade universitária”, disse o psolista.

Afrânio Boppré acredita que o STF dê parecer favorável a Adin impetrada pelo PSOL. “Não podemos aceitar este golpe contra a autonomia universitária, legaliza, repito, a terceirização e exploração de funcionários contratados sem a menor garantia, prejudica a população assistida pelos hospitais universitários e representa uma traição vergonhosa tanto que só foi apresentada no último dia de um governo de oito anos. Por que não antes para permitir amplo debate na sociedade?”, questiona.

“A Medida Provisória 520 tem efeito de lei, apesar de que há um prazo para que seja votada e aprovada no Congresso, por isso a criação da empresa pode ser iniciada a qualquer momento a revelia dos interesses e opinião da sociedade. É mais uma medida para privatizar a saúde e retirar o Estado de seu papel constitucional de oferecer saúde pública gratuita e de qualidade. Outra coisa a se destacar é que os atuais funcionários dos hospitais universitários poderão ser cedido para a empresa e passarão a receber salários da Ebserh. Divide a categoria dos servidores universitários e enfraquece a mobilização reivindicatória dos trabalhadores”, opina.

Afrânio Boppré acrescenta que “a contratação temporária prevista faz cair a qualidade do serviço prestado hoje nos hospitais universitários. Há também a possibilidade de cobrança por consultas e procedimentos, como já acontece hoje nos hospitais de São Paulo geridos pelas Organizações Sociais (OS’s). A qualidade do ensino também se perde pois não assegura estágios para os estudantes universitários e haverá no hospital uma nova equipe de profissionais, sem o vínculo acadêmico com a instituição e dificultando as aulas e pesquisas. A Medida Provisória 520 é danosa ao Brasil e temos a certeza que o STF não permitirá um ataque à Constituição com nefasta repercussão em toda a sociedade”, finalizou.

16/04/2011

fonte:http://psol50.org.br

terça-feira, 5 de abril de 2011

A revolução árabe e a política do imperialismo: um debate necessário.


1.A intervenção das potências imperialistas para fazer a zona de exclusão e desta maneira intervir na guerra civil da Líbia suscitou um legítimo debate (sobretudo entre socialistas e anti-imperialistas da América Latina) a respeito de qual deve ser a posição da esquerda diante da revolução árabe a partir desta intervenção. Uma parte muito importante destes setores haviam apoiado as revoluções democráticas na Tunísia e Egito com certo receio, e agora passaram a dizer que a política deve ser essencialmente a luta contra a intervenção imperialista. Em algumas declarações surgiu até a idéia de que caso não se derrote o imperialismo na Líbia, este vai avançar sobre Cuba e Venezuela. Neste sentido, criticou-se a resolução votada por unanimidade na Executiva Nacional do PSOL, porque seguimos defendendo a centralidade da luta contra Khadaffi, sem ignorar o perigo da intervenção imperialista no processo revolucionário árabe como um todo.

2.Na declaração do PSOL, não deixamos de denunciar a política do imperialismo na região, seus objetivos reacionários, sua função de deter a revolução em curso. O ponto de partida da análise deve ser regional. Não se pode analisar a situação da Líbia isoladamente. A revolução agora chegou à Síria, e se confirma como uma onda de revoluções democráticas contra regimes autocráticos e, no geral, pró-imperialistas, que dominaram a região por três décadas. Estes regimes, especialmente o egípcio, foram a peça chave para que o imperialismo isole a Intifada Palestina, permitindo massacres do Estado Sionista. Foram também chaves para que o Hezbolah se enfraquecesse na Líbia e foram pontos estratégicos para as duas guerras do império contra Iraque. A revolução democrática em curso já derrotou Ben Ali na Tunísia e Mubarak no Egito, e custou mais de 600 assassinatos nestes países, além de dezenas de mártires no Iêmen, Barhein, Argélia, Síria, Marrocos. A onda revolucionária assumiu um movimento quase irreversível de decadência destas regimes, e por isso, de grande derrota ao imperialismo. É a derrota ao imperialismo mais importante produzida pelas massas das últimas décadas.

3.Para frear a revolução árabe, a política do imperialismo tem várias caras, responde na defensiva e aparece como incongruente e inconcluso para a população norte-americana. No Egito e na Tunísia, onde já triunfou a revolução democrática, o imperialismo apoiou aos ditadores constrangido e até o último minuto possível. Agora, tentam se adaptar ao processo, criando condições de contra-revolução para impedir que a luta avance. Para isso, se apóiam em velhos dirigentes que agora assumem um papel democrático, e tentam cooptar os setores políticos surgidos da própria revolução. No Barhein, país onde está instalada a frota naval norte-americana, o imperialismo apoiou a invasão da Arábia Saudita, que já custou centenas de mortos. Um triunfo da revolução neste país, govrenado por uma minoria sunita, significaria o regime de uma maioria xiita, ou seja, um segundo Irã da região. Uma política de apoio às ditaduras é explícita também na própria Arábia Saudita, enquanto no Iêmen, onde ocorre um avanço intenso da revolução democrática e fortes elementos de decomposição do regime, o governo ditador segue se mantendo.

4.A primeira pergunta é para se compreender a Líbia é: qual a é a linha divisória que separa a revolução da contra-revolução na atual guerra civil? O povo que se insurreicionou, enfrentou o exército de Khadaffi, conquistou um setor do exército para a luta revolucionária, que quer derrubar o regime, é o lado correto para os socialistas. Este sujeito social amplo e muito aguerrido é a linha divisória entre revolução e contra-revolução. Ou seja, será uma conquista das classes trabalhadoras de todo o mundo se o regime de Khadaffi for derrubado. Não por acaso, os governos de Marrocos e Argélia onde também chegaram os protestos populares, apóiam o ditador líbio com armas e mercenários.

4.1.A política do imperialismo na Lìbia segue os mesmo objetivos que no conjunto dos países árabes: deter a revolução. O imperialismo se manteve silencioso e estático durante as 3 primeiras semanas, quando a revolução chegou a Trípoli e o regime de Khadaffi ficou por um fio. Interviu com a zona de exclusão no último minuto, quando Khadaffi estava entrando em Benghazi. Ou seja, quando a revolução na Líbia estava me pleno retrocesso, debilitada pela contra-revolução de Khadaffi. A forma de atuar do imperialismo deixa claros seus verdadeiros objetivos: uma vez detida a revolução Líbia, buscar o controle da situação regional e cooptar os rebeldes. Toda invasão imperialista traz consigo uma grande ameaça. Pela Líbia, tentarão manter o controle econômico e ideológico desta parte do mundo árabe e sua riqueza petrolífera. Mas quem pode impedir que isso ocorra NÃO É KHADAFFI, pois este continua massacrando os rebeldes líbios. Quem pode fazê-lo é o próprio movimento revolucionário em curso. Quanto antes os revolucionários rebeldes derrubem o ditador, melhor será, e o principal agente desse processo são as massas árabes que carregam essa tarefa em toda a região. Por isso, quem faz do centro da sua política a luta contra a invasão, deixa de lado a luta contra Khadaffi, objetivamente se coloca ao lado de Khadaffi e de seu exército que tem como objetivo massacrar a resistência dos rebeldes revolucionários e golpear a revolução em curso.

4.2.A única alternativa correta seria reconhecer o governo rebelde como uma força beligerante, apoiando-os de todas as formas possíveis, e respondendo positivamente ao que eles exigem. Por isso, defendemos essa posição aos socialistas e anti-imperialistas: sabemos do perigo regional que representa a intervenção imperialista e seguimos apoiando a derrota de Khadaffi, pois só assim o povo poderá organizar uma nova determinação e um novo regime. Quanto antes cair Khadaffi, melhor! Melhor para a auto-determinação e soberania do povo líbio, melhor para revolução democrática árabe que se espalha na região.

5.A política do imperialismo na Lìbia segue os mesmo objetivos que no conjunto dos países árabes: deter a revolução. O imperialismo se manteve silencioso e estático durante as 3 primeiras semanas, quando a revolução chegou a Trípoli e o regime de Khadaffi ficou por um fio. Interviu com a zona de exclusão no último minuto, quando Khadaffi estava entrando em Benghazi. Ou seja, quando a revolução na Líbia estava me pleno retrocesso, debilitada pela contra-revolução de Khadaffi. A forma de atuar do imperialismo deixa claros seus verdadeiros objetivos: uma vez detida a revolução Líbia, buscar o controle da situação regional e cooptar os rebeldes. Toda invasão imperialista traz consigo uma grande ameaça. Pela Líbia, tentarão manter o controle econômico e ideológico desta parte do mundo árabe e sua riqueza petrolífera. Mas quem pode impedir que isso ocorra NÃO É KHADAFFI, pois este continua massacrando os rebeldes líbios. Quem pode fazê-lo é o próprio movimento revolucionário em curso. Quanto antes os revolucionários rebeldes derrubem o ditador, melhor será, e o principal agente desse processo são as massas árabes que carregam essa tarefa em toda a região. Por isso, quem faz do centro da sua política a luta contra a invasão, deixa de lado a luta contra Khadaffi, objetivamente se coloca ao lado de Khadaffi e de seu exército que tem como objetivo massacrar a resistência dos rebeldes revolucionários e golpear a revolução em curso.

6.O governo rebelde foi enfático ao manifestar ser contra qualquer intervenção terrestre das forças da OTAN. Os rebeldes necessitam de armas e ajuda humanitária, e foi isso que solicitou. A melhor forma de combater os planos do imperialismo na Líbia é lutar contra Khadaffi. A suposta neutralidade do governo brasileiro é uma postura ambígua e hipócrita de deixar que Khadaffi e os imperialistas façam aquilo que bem entenderem com o povo líbio. A única alternativa correta seria reconhecer o governo rebelde como uma força beligerante, apoiando-os de todas as formas possíveis, e respondendo positivamente ao que eles exigem. Por isso, defendemos essa posição aos socialistas e anti-imperialistas: sabemos do perigo regional que representa a intervenção imperialista e seguimos apoiando a derrota de Khadaffi, pois só assim o povo poderá organizar uma nova determinação e um novo regime. Quanto antes cair Khadaffi, melhor! Melhor para a auto-determinação e soberania do povo líbio, melhor para revolução democrática árabe que se espalha na região.

Pedro Fuentes-Secretário de Relações Internacionais do Partido Socialismo e Liberdade-PSOL

23/03/2011
fonte:http://internacionalpsol.wordpress.com/