sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Como seriam as eleições sem o Poder Econômico?


As eleições no Brasil são um jogo desigual, onde candidatos ligados aos interesses do Poder Econômico recebem doações para a campanha que desequilibram a disputa. Tais recursos permitem a contratação de centenas de cabos eleitorais, carros de som, milhares de placas, faixas e bandeiras, além de materiais impressos de qualidade, produções de TV e muitos “marqueteiros”. Isso sem falar no tempo desigual na TV e outras mídias, na constante liberação de verbas das chamadas “emendas parlamentares” para os candidatos ligados ao governo, dentre muitos outros fatores.

Nestas eleições, os candidatos do PSOL mostraram a sua diferença em relação aos demais partidos, obtendo grande quantidade de votos mesmo não se entregando às tentações do poder econômico, que muitas vezes depois cobram a fatura do candidato eleito, às custas do povo. Muitos dos que se entregam terminam por ceder às vontades do capital, especialmente o financeiro, implementando política econômica que privilegia o pagamento da dívida pública em detrimento das áreas sociais, como no caso dos últimos presidentes eleitos.

Mesmo mantendo a sua independência, o PSOL conseguiu eleger 2 senadores, 3 deputados federais e 4 estaduais.

Uma forma de visualisarmos como seriam as eleições sem a influência do poder econômico é calcular quantos votos cada candidato obteve para cada real declarado de receitas, na segunda parcial da prestação de contas, entregue no início de setembro.

Nas eleições presidenciais, por exemplo, a influência do Poder Econômico é claríssima: enquanto os 3 candidatos mais bem colocados nas pesquisas (que receberam vários milhões em doações, boa parte vinda de bancos) obtiveram menos de dois votos por real arrecadado, o candidato Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) recebeu nada menos que 19,12 votos, ou seja, foi o verdadeiro vencedor da eleição.



Eleição para Presidente - principais candidatos

CANDIDATO * DILMA
COLIGAÇÃO PT - PRB / PDT / PT / PMDB / PTN / PSC / PR / PTC / PSB / PC do B

VOTOS 47.651.434

RECEITAS (R$) 39.554.648,13

VOTOS / RECEITAS 1,27


MARINA SILVA
PV
19.636.359
12.035.314,58
1,63

PLÍNIO
PSOL
886.816
46.390,00
19,12


* - Candidatos eleitos

Obs: Receitas declaradas na segunda parcial da prestação de contas (início de setembro), disponível em http://spce2010.tse.jus.br/spceweb.consulta.prestacaoconta2010/candidatoServlet.do





No caso da disputa ao Governo do Distrito Federal, o mesmo ocorre: enquanto os candidatos Agnelo Queiroz e Roriz obtiveram menos de 0,4 votos por real arrecadado, o candidato Toninho do PSOL obteve nada menos que 8,67 votos, ou seja, 21 vezes mais que seus adversários.

Caso a eleição se desse nestas bases, Toninho do PSOL seria eleito Governador do DF no Primeiro Turno.



Eleição para o Governo do DF – principais candidatos

CANDIDATO * AGNELO

COLIGAÇÃO PT - PRB / PDT / PT / PTB / PMDB / PPS / PHS / PTC / PSB / PRP / PC do B

VOTOS 676.394
RECEITAS (R$)1.962.500,00

VOTOS / RECEITAS 0,34


* RORIZ
PSC - PP / PSC / PR / DEM / PSDC / PRTB / PMN / PSDB / PT do B
440.128
1.149.700,00
0,38

TONINHO DO PSOL
PSOL
199.095
22.955,00
8,67


* - Candidatos eleitos

Obs: Receitas declaradas na segunda parcial da prestação de contas (início de setembro), disponível em http://spce2010.tse.jus.br/spceweb.consulta.prestacaoconta2010/candidatoServlet.do





No caso da disputa ao Senado no estado do Amapá, por exemplo, o candidato eleito do PSOL Randolfe obteve 3 votos para cada real de receitas, enquanto outros candidatos obtiveram menos de um décimo disto, ou seja, apenas 0,26 voto por real de receitas. Isto é: utilizaram recursos enormes e ainda assim obtiveram menos votos.



Eleição para o Senado – Amapá – principais candidatos

CANDIDATO * RANDOLFE

COLIGAÇÃO PSOL

VOTOS 203.259

RECEITAS (R$) 67.850,00

VOTOS / RECEITAS 3,00




* GILVAM BORGES
PMDB - PMDB / PTN / PSC / PPS / PV / PSDB
121.015
463.083,50
0,26

WALDEZ
PDT - PRB / PP / PDT / PSL / PR / DEM / PHS / PC do B / PT do B
106.751
417.002,00
0,26


* - Candidatos eleitos

Obs: Receitas declaradas na segunda parcial da prestação de contas (início de setembro), disponível em http://spce2010.tse.jus.br/spceweb.consulta.prestacaoconta2010/candidatoServlet.do





Na disputa para o Senado no Pará, a candidata eleita Marinor (PSOL) obteve nada menos que 18,43 votos a cada real arrecadado, enquanto outros candidatos apenas obtiveram 4 votos, sendo que Jader Barbalho obteve apenas 0,76 voto.



Eleição para o Senado – Pará – principais candidatos

CANDIDATO * FLEXA RIBEIRO

COLIGAÇÃO PSDB - PPS / DEM / PSDC / PRTB / PMN / PRP / PSDB

VOTOS 1.817.644

RECEITAS (R$) 441.650,00

VOTOS / RECEITAS 4,12



* MARINOR BRITO
PSOL
727.583
39.469,00
18,43

JADER BARBALHO (Barrado pela Lei da “Ficha Limpa”)
PMDB
1.799.762
2.357.661,80
0,76

PAULO ROCHA (Barrado pela Lei da “Ficha Limpa”)
PT - PRB / PP / PDT / PT / PTB / PTN / PSC / PR / PHS / PTC / PSB / PV / PC do B / PT do B
1.733.376
412.380,12
4,20


* - Candidatos eleitos

Obs: Receitas declaradas na segunda parcial da prestação de contas (início de setembro), disponível em http://spce2010.tse.jus.br/spceweb.consulta.prestacaoconta2010/candidatoServlet.do





No caso da disputa para o Senado em Alagoas, enquanto Renan Calheiros obteve somente 0,73 voto por real declarado de receitas e Benedito Lira 2 votos, Heloísa Helena (PSOL) obteve nada menos que 29 votos a cada real de receita. Ou seja: nestes termos, Heloísa seria, de longe, a senadora mais votada do Estado.



Eleição para o Senado – Alagoas – principais candidatos

CANDIDATO * BENEDITO DE LIRA

COLIGAÇÃO PP - PP / PSC / PPS / DEM / PSB / PSDB

VOTOS 904.345

RECEITAS (R$) 440.000,00

VOTOS / RECEITAS 2,06



* RENAN
PMDB - PDT / PT / PMDB / PR / PRP / PC do B / PT do B
840.809
1.153.000,00
0,73

HELOISA HELENA
PSOL
417.636
14.450,00
28,90


* - Candidatos eleitos

Obs: Receitas declaradas na segunda parcial da prestação de contas (início de setembro), disponível em http://spce2010.tse.jus.br/spceweb.consulta.prestacaoconta2010/candidatoServlet.do





Na eleição para deputado federal no Rio de Janeiro, Chico Alencar (PSOL) foi o segundo mais votado, e ainda teria ficado em primeiro lugar disparado, caso o critério da eleição fosse o “número de votos / receita”.



Eleição para Deputado Federal - RJ – principais candidatos

CANDIDATO * GAROTINHO

COLIGAÇÃO PR
VOTOS 694.862

RECEITAS (R$) 1.015.000,00

VOTOS / RECEITAS 0,68



* CHICO ALENCAR
PSOL
240.724
112.907,39
2,13

* LEONARDO PICCIANI
PMDB - PP / PMDB / PSC
165.630
800.000,00
0,21

* VITOR PAULO
PRB
157.580
202.480,00
0,78

* EDUARDO CUNHA
PMDB - PP / PMDB / PSC
150.616
1.000.000,00
0,15


* - Candidatos eleitos

Obs: Receitas declaradas na segunda parcial da prestação de contas (início de setembro), disponível em http://spce2010.tse.jus.br/spceweb.consulta.prestacaoconta2010/candidatoServlet.do





No caso do Senado no Rio de Janeiro, o candidato do PSOL (Milton Temer) foi o grande “campeão moral” da disputa, tendo obtido 19 votos a cada real arrecadado, enquanto Lindberg obteve apenas 1 e Crivella apenas 5,61.



Eleição para o Senado – Rio de Janeiro – principais candidatos

CANDIDATO * LINDBERG
COLIGAÇÃO PT - PP / PDT / PT / PTB / PMDB / PSL / PTN / PSC / PSDC / PRTB / PHS / PMN / PTC / PSB / PRP / PC do B

VOTOS 4.213.749

RECEITAS (R$) 4.150.000,00
VOTOS / RECEITAS 1,02




* MARCELO CRIVELLA
PRB
3.332.886
593.815,25
5,61

JORGE PICCIANI
PMDB - PP / PDT / PT / PTB / PMDB / PSL / PTN / PSC / PSDC / PRTB / PHS / PMN / PTC / PSB / PRP / PC do B
3.048.034
3.684.000,00
0,83

CESAR MAIA
DEM - PPS / DEM / PV / PSDB
1.627.050
2.725.818,38
0,60

WAGUINHO SENADOR - 707
PT do B - PR / PT do B
1.295.946
122.200,00
10,60

MILTON TEMER
PSOL
536.147
28.635,31
18,72


* - Candidatos eleitos

Obs: Receitas declaradas na segunda parcial da prestação de contas (início de setembro), disponível em http://spce2010.tse.jus.br/spceweb.consulta.prestacaoconta2010/candidatoServlet.do



Finalmente, no caso da eleição para deputado federal no Rio Grande do Sul, Luciana Genro (PSOL/RS) também superou todos os candidatos eleitos no quesito “votos / receitas”, somente empatando com ex-goleiro do Grêmio Danrlei, pois este já era amplamente conhecido, ou seja, uma celebridade. Sem a influência do Poder Econômico, Luciana teria mais que o quádruplo dos votos da maioria dos candidatos eleitos.

Portanto, o PSOL continua firme na luta, consciente de que cumpriu seu dever, de se manter fiel às demandas dos trabalhadores (as), aposentados (as), estudantes, sem se entregar às tentações do poder, às quais muitos não resistiram e terminaram por trair a classe trabalhadora em diversas votações do Congresso Nacional.

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